Amar a Deus. Viver esse assunto sempre foi uma das experiências mais significantes para mim, porém nunca falei sobre, nem sei o porquê, creio que porque sempre seja mais fácil, ou comum falar sobre o belo, sobre mulheres, homens, amores, desamores e como o ser amar a Deus, de fato engloba tudo isso fico adiando a conversa.
Interessante também, que quando se fala nesse amor ágape pensam logo que lá vem papo de religião, não é nada disso que proponho hoje. É mais, muito, muito mais... Talvez por isso, seja tão complexo.
Amar a Deus nos dias de hoje pode parecer para alguns uma desvantagem, parece que o individuo que se declara cristão está meio sozinho, soa piegas, marketing barato. Não está na moda?
Talvez antes fosse bem mais fácil. Um mundo sem tantas propostas, então surge a fé de Abraão, partindo para o desconhecido por confiar em Deus? A fé dos pobres e dos pequenos?
É preciso entender que ser cristão ultrapassa dogmas e doutrinas, regras impostas, manuais de instrução. Ter um brilho no olhar que toque o outro e que principalmente se toque pelo outro. E parece tão óbvio entender que este é o único caminho. Por que como dizer-se amante de Deus, crer que Ele construiu todo esse mundo, com tantas belezas, que nos soprou a vida e diante de tantos presentes não conseguimos nos importar com o outro, com o que ele sente com o que sofre?
Dogmas inquestionáveis nos amarram, nos podam, cerceiam os nossos desejos e a nossa capacidade de interagir com o social sendo de fato cristão.
Declarar que ama a Deus e não indignar-se com a injustiça é no mínimo incoerente, viver amargo é no mínimo hipocrisia, desistir do amanhã é viver de mentiras. Quem ama a Deus tem fé, como naquela música: fé na vida, fé no homem...
De que adianta uma lista de proibições sem explicações? De que adianta uma lista de projetos que não saem do plano ilusório? Amar a Deus é reagir, interagir, buscar. Ser conscientemente cristão, na atualidade, significa, sem dúvida, remar contra a corrente e se perceber
De nada valem puras doutrinas, palavras ao vento se não se transformar em experiências e em novo estado de consciência. Amar a Deus está longe de ser um errante num vale de lágrimas e está bem mais próximo de ser iluminado sob a luz e o calor desta chama. Por fim, amar a Deus, nos dá mais que tudo a certeza de que muito mais do que um mundo teocêntrico onde impera a religião ou do que um mundo antropocêntrico onde impera o egoísmo é necessário acreditar num mundo em que impere o amor pelo outro, a sabedoria de se recriar diante das dificuldades, o companheirismo do cuidado com o outro e o sonho por um mundo melhor.