domingo, 29 de janeiro de 2012
Quando Deus te faz pensar
Fabiana Pinto
Hoje vivi uma experiência interessante ao acordar. Há alguns meses ganhei de uma amada aluna um escapulário com dois versículos bíblicos e o uso deste passou a ser rotineiro tão constante que nem leio mais as frases. Simplesmente acordo e o coloco. Em seguida, abro o livro 365 Bençãos, de Max Lucado, que ganhei de uma grande amiga, ele traz um versículo e uma reflexão para cada dia do ano. Já cumpro este ritual naturalmente.
No entanto, hoje quando acordei e peguei o escapulário li o versículo que estava virado para cima: “Pela graça sois salvo”, (Efésios 2:8 a). A primeira coisa que veio à minha mente foi: Ufa! Por que me lembrei da segunda parte, “isto não vem de vós é dom de Deus.”
Não que eu seja uma pessoa egoísta, que não ajude os outros, que não faça minha parte, faço tudo isso, mas diante da grandiosidade de Deus o que faço parece tão pequeno, afinal, já perdi a conta de quantas vezes falhei, e falho por dia...
Se fosse de vez em quando tudo bem, mas é por dia, sem precisar sair de casa. Sabe aquele negócio do telefone tocar e você atender e falar: Fabiana? Não, ela não está. Só com ela? Em minha cabeça, tem aí uma boa intenção, estou chateada, cansada, não quero conversar, foi uma mentirinha boba... Mentirinha boba, eu sei!
Tem outra que parece até engraçada, pois está registrada em foto, eu no hospital em plena quimioterapia degustando um lanche de fast food, induzi minha sobrinha emprestada ao contrabando, não podia entrar com um lanche desses numa quimio e ainda fui gulosa ao extremo, não estava com fome, mas a foto registra a gula.
Por quantas vezes me apeguei ao Ter, ao trabalho incessante, eu era uma workaholic desvairada. Quantas vezes deixei tudo de lado pelo trabalho?
E a raiva. Contar até dez, às vezes é pouco, mas ajudei as pessoas, ajudei até essa pessoa que algum dia me deixou chateada, mas quando conto até dez, melhor nem dizer o que passa em minha cabeça. Deus me ajuda!
Quantas vezes fui e sou orgulhosa, vaidosa? Incontáveis...
E com você? Já aconteceu algo parecido?
Ainda bem que posso contar com Deus, pensei, confiar Nele, ainda bem que Ele cuida de mim.
Então segui meu ritual matinal e abri meu livro, dia 29 de janeiro e a palavra foi:”Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. “ 1 João 4:10
É isto! Ele me amou primeiro, por isso apesar das minhas falhas Ele continua me amando. Deus me ama e eu amo, apesar das minhas falhas, amo os outros. É um relacionamento. É troca e é assim que Deus quer.
Isso me fez pensar: Porque estranham o fato de fazermos o bem? Ora, Deus me amou primeiro, como posso eu não fazer obras por outros. Porque é tão difícil as pessoas aceitarem serem favorecidas? Orgulho, medo, fraqueza?O ser humano está tão acostumado a receber as coisas por interesse em troca de algo que ficam temerosas. Temem os que recebem, temem os que ofertam. O amor de muitos se esfriou.
“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. “Tiago 2:26
Deus é amor se manifesta através do amor e das ações. Nossas pequenas atitudes diárias resultam em amor. Então se eu tenho fé, se Deus me amou primeiro, a graça dele me consome, minha fé se multiplica a cada dia e por isso, preciso fazer minha parte, minhas atitudes justificarão minhas palavras.
A única forma que Ele encontrou para que eu pudesse o encontrar foi se entregando por mim. Por isso, me entregar a Ele é a única forma que eu possuo para encontrá-lo.
Sua vontade é boa, perfeita e agradável. Então termino esta reflexão na espera de estar debaixo das bênçãos do Senhor, fazendo minha parte e ficando no centro da vontade de Deus, o melhor lugar para se estar!
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Sois sal?
Fabiana Pinto
Pense em uma comida sem sal, sem sal algum. Estranho, não é? Perde-se o sabor. Agora pense na mesma comida com excesso de sal, derrubaram o saleiro nela. E. Impossível comer! O sal dá sabor quando está na medida certa.
Ele tem muitas qualidades: conserva, tempera, ajuda a cicatrizar, higieniza e esteriliza. Daí surge o questionamento como seguir a ordem de Jesus e ser o sal da terra?
Novamente voltamos para a cozinha, sal é bom, mas nem de mais, nem de menos. Temos sido sal? Em que quantidade? Como você e eu temos nos movido para ser sal na vida dos que nos cercam?
Sal de menos, vida sem tempero. Não basta uma pessoa querer ser "sal", ou pensar e dizer que é "sal”. O sal verdadeiro é preciso. Ser sal para glorificar a Deus é muito diferente do que se pensa e é difícil agir com este entendimento, Por exemplo, As pessoas de seu círculo social ficariam assustadas se soubessem que você é da igreja? Em tempos de redes sociais que uma palavra que dizemos é lida em diversos lugares do mundo, você tem dito as palavras certas? Tem temperado com a quantidade de sal certa? Ou tem sido insípido?
Ser sal não significa se afastar, quando se afasta você não tempera, é preciso estar perto, mas trazendo o sabor de Deus. O sabor que temperou sua vida precisa temperar outras vidas mais. E se falamos em redes sociais, imagine quantas vidas você pode temperar por estes veículos?
Não é preciso afastar-se de ninguém como os muitos fariseus persistentes nas igrejas exigem. E, por falar neles, ali estão, saleiro derrubado na comida, excesso, dedos apontados, cobranças, chuvas de nãos, ordens, dogmas, falta de amor. Estragam a comida e também não temperam, não dão sabor presos ao evangelho do medo, dos dedos em riste, dos brados sobre punição, perde-se tudo com eles também.
No entanto, o que sua vida demonstra? Amor ao próximo? Companheirismo? Partilha? Ou hipocrisia? Ou cobranças? Afinal, de que adianta sermos Cristãos, se as pessoas à nossa volta não souberem disto? Ou, souberem e justamente por isso não gostarem de nós?
O homem por si só não vale nada, seu valor está na sua ação para com os outros seres e com o mundo e esta deve transmitir a vida e o amor de Deus presente em cada um de nós. Um relacionamento que demonstre a diferença sem que haja afastamento.
Não sejamos inertes, mas também não nos deixemos cair nos excessos. Misturemos-nos, mas temperando e não sendo temperados.
Dê uma olhada em sua vida. Seu agir com os amigos, professores, colegas de trabalho, redes sociais e pense: Como tenho temperado as vidas que me cercam?
Até onde vai nosso amor para enfim ser sal na quantidade certa?
domingo, 22 de janeiro de 2012
Casamento
Fabiana Pinto
Ela queria casar. Tinham ficado noivos a pouquíssimos meses, mas ela não falava de outra coisa, parecia menina de quinze anos planejando a primeira festa.
Se falávamos de comida, ela falava dos possíveis buffets.
Se o assunto era doces, entravam o bolo e o docinho de casamento.
Vestido, ah o vestido de noiva.
Parecia constantemente em TPM. Natural...
Quando falávamos de amigos ela falava dos padrinhos. Dos pais a entrada. Das crianças os noivinhos. E se o assunto era música:
- Me ajuda a escolher o repertório?
Chegou o grande dia. Ela estava uma bomba de estresse pronta para explodir. Leva pro dia da noiva logo, uns golinhos ajudam a acalmar.
No casamento estava tudo lindo.
Ela entrou, quase não respirava, sorria aparentando tranqüilidade, mas eu a conhecia bem.
Terminada a cerimônia, lá vem ela:
- Mas os docinhos não estão no lugar e a mesa do bolo, o grupo musical errou, e...
Ai, ai, ai – pensei eu e ainda vem a formatura dela, o primeiro aniversário do filho, as bodas...
sábado, 21 de janeiro de 2012
A casa
Fabiana Pinto
Eles já eram casados há dez anos e sempre tinham morado em apartamento, aquela era a primeira casa que tinham comprado, era uma mistura de alegria e desespero para a esposa.
Era uma casa grande com o térreo e mais dois andares, o último era apenas um salão para quando resolvessem fazer as festas, ou para o marido e o filho brincarem à vontade sem quebrar a casa.
Na área tinha escolhido um porcelanato todo branco para não correr o mínimo risco de nenhum bichinho indesejável aparecer e ficar escondido em meio a uma mancha qualquer. Devo dizer que este tinha sido o problema de demorarem tanto tempo em apartamentos, ela era absurdamente medrosa.
No entanto, o marido havia lhe convencido da segurança daquela casa, a cidade agora era mais calma e estavam em um condomínio. Nada podia dar errado.
Uma semana depois da mudança vizinhos conhecidos e ela convencida da segurança do novo lar foi dormir tranqüila, justamente aí que o inesperado aconteceu. De madrugada, marido e filho dormindo, ela ouviu um barulho no portão.
Esgueirou-se até a janela lentamente e olhou pela cortina, um homem entrava pelo portão do condomínio...
-Amor (era um sussurro), amor ( nada), AMOR...
O marido acordou num susto e posicionou-se ao lado dela na janela. Se o homem tentasse entrar tomariam alguma atitude, eles não tinham tacos de beisebol como nos filmes americanos, mas tinham outras coisas que ajudariam.
O homem estava com um blusão de capuz e empurrava uma bicicleta, abriu calmamente o portão e entrou no condomínio. Ela estava morrendo de medo e o marido também, mas ele nunca daria o braço a torcer. A casa deles era a primeira, portanto se fosse assalto, seria o primeiro alvo, no entanto o sujeito passou direto.
O marido foi dormir com os costumeiros protestos de “você inventa cada uma”. Ela continuou observando, o rapaz de capuz entrou na casa de uma vizinha que o marido viajara. Um sobrinho para fazer companhia? Um amante? Ou um assaltante mesmo?
- Amor, como você tem coragem de dormir assim? E se for um assaltante?
- Não é.
- Como você sabe?
- Ela não gritou.
(...)
Cinco segundos depois o marido dormia tranqüilo, roncava alto.
- Amoooooorrrrrrrrrr.
- O que é mulher?
- Como você ousa dormir antes de mim? Fica acordado me espera dormir primeiro.
- Ai, meu Deus!
Ela aninhou-se no peito do marido e a cada cinco minutos perguntava.
- Você não dormiu ainda não, né?
- Não.
Até que dormiu tranqüila, mas já estava amanhecendo e o marido tinha que trabalhar. Levantou-se com cuidado, mas nada a acordaria depois de tanto medo e saiu arrasado depois de uma noite forçada em claro.
Fabiana Pinto
Eles já eram casados há dez anos e sempre tinham morado em apartamento, aquela era a primeira casa que tinham comprado, era uma mistura de alegria e desespero para a esposa.
Era uma casa grande com o térreo e mais dois andares, o último era apenas um salão para quando resolvessem fazer as festas, ou para o marido e o filho brincarem à vontade sem quebrar a casa.
Na área tinha escolhido um porcelanato todo branco para não correr o mínimo risco de nenhum bichinho indesejável aparecer e ficar escondido em meio a uma mancha qualquer. Devo dizer que este tinha sido o problema de demorarem tanto tempo em apartamentos, ela era absurdamente medrosa.
No entanto, o marido havia lhe convencido da segurança daquela casa, a cidade agora era mais calma e estavam em um condomínio. Nada podia dar errado.
Uma semana depois da mudança vizinhos conhecidos e ela convencida da segurança do novo lar foi dormir tranqüila, justamente aí que o inesperado aconteceu. De madrugada, marido e filho dormindo, ela ouviu um barulho no portão.
Esgueirou-se até a janela lentamente e olhou pela cortina, um homem entrava pelo portão do condomínio...
-Amor (era um sussurro), amor ( nada), AMOR...
O marido acordou num susto e posicionou-se ao lado dela na janela. Se o homem tentasse entrar tomariam alguma atitude, eles não tinham tacos de beisebol como nos filmes americanos, mas tinham outras coisas que ajudariam.
O homem estava com um blusão de capuz e empurrava uma bicicleta, abriu calmamente o portão e entrou no condomínio. Ela estava morrendo de medo e o marido também, mas ele nunca daria o braço a torcer. A casa deles era a primeira, portanto se fosse assalto, seria o primeiro alvo, no entanto o sujeito passou direto.
O marido foi dormir com os costumeiros protestos de “você inventa cada uma”. Ela continuou observando, o rapaz de capuz entrou na casa de uma vizinha que o marido viajara. Um sobrinho para fazer companhia? Um amante? Ou um assaltante mesmo?
- Amor, como você tem coragem de dormir assim? E se for um assaltante?
- Não é.
- Como você sabe?
- Ela não gritou.
(...)
Cinco segundos depois o marido dormia tranqüilo, roncava alto.
- Amoooooorrrrrrrrrr.
- O que é mulher?
- Como você ousa dormir antes de mim? Fica acordado me espera dormir primeiro.
- Ai, meu Deus!
Ela aninhou-se no peito do marido e a cada cinco minutos perguntava.
- Você não dormiu ainda não, né?
- Não.
Até que dormiu tranqüila, mas já estava amanhecendo e o marido tinha que trabalhar. Levantou-se com cuidado, mas nada a acordaria depois de tanto medo e saiu arrasado depois de uma noite forçada em claro.
Assinar:
Postagens (Atom)