sábado, 21 de janeiro de 2012

A casa
Fabiana Pinto

Eles já eram casados há dez anos e sempre tinham morado em apartamento, aquela era a primeira casa que tinham comprado, era uma mistura de alegria e desespero para a esposa.
Era uma casa grande com o térreo e mais dois andares, o último era apenas um salão para quando resolvessem fazer as festas, ou para o marido e o filho brincarem à vontade sem quebrar a casa.
 Na área tinha escolhido um porcelanato todo branco para não correr o mínimo risco de nenhum bichinho indesejável aparecer e ficar escondido em meio a uma mancha qualquer. Devo dizer que este tinha sido o problema de demorarem tanto tempo em apartamentos, ela era absurdamente medrosa.
No entanto, o marido havia lhe convencido da segurança daquela casa, a cidade agora era mais calma e estavam em um condomínio. Nada podia dar errado.
Uma semana depois da mudança vizinhos conhecidos e ela convencida da segurança do novo lar foi dormir tranqüila, justamente aí que o inesperado aconteceu. De madrugada, marido e filho dormindo, ela ouviu um barulho no portão.
Esgueirou-se até a janela lentamente e olhou pela cortina, um homem entrava pelo portão do condomínio...
-Amor (era um sussurro), amor ( nada), AMOR...
O marido acordou num susto e posicionou-se ao lado dela na janela. Se o homem tentasse entrar tomariam alguma atitude, eles não tinham tacos de beisebol como nos filmes americanos, mas tinham outras coisas que ajudariam.
O homem estava com um blusão de capuz e empurrava uma bicicleta, abriu calmamente o portão e entrou no condomínio. Ela estava morrendo de medo e o marido também, mas ele nunca daria o braço a torcer. A casa deles era a primeira, portanto se fosse assalto, seria o primeiro alvo, no entanto o sujeito passou direto.
O marido foi dormir com os costumeiros protestos de “você inventa cada uma”. Ela continuou observando, o rapaz de capuz entrou na casa de uma vizinha que o marido viajara. Um sobrinho para fazer companhia? Um amante? Ou um assaltante mesmo?
- Amor, como você tem coragem de dormir assim? E se for um assaltante?
- Não é.
- Como você sabe?
- Ela não gritou.
(...)
Cinco segundos depois o marido dormia tranqüilo, roncava alto.
- Amoooooorrrrrrrrrr.
- O que é mulher?
- Como você ousa dormir antes de mim? Fica acordado me espera dormir primeiro.
- Ai, meu Deus!
Ela aninhou-se no peito do marido e a cada cinco minutos perguntava.
- Você não dormiu ainda não, né?
- Não.
Até que dormiu tranqüila, mas já estava amanhecendo e o marido tinha que trabalhar. Levantou-se com cuidado, mas nada a acordaria depois de tanto medo e saiu arrasado depois de uma noite forçada em claro.  

   



   

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